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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Orar com os Salmos

A oração do Santo Rosário surgiu por volta do ano 800 à sombra dos mosteiros e conventos. Os monges rezavam os 150 salmos, os leigos, que naquela altura não sabiam ler, rezavam 150 Pai-Nossos. O Rosário tornou-se o "Saltério" dos leigos. Com o passar do tempo, com os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, tomou-se como um saltério de 150 Ave-Marias, isto é,150 louvores a Jesus Cristo e à Virgem Maria.

A palavra «salmo» significa «cântico» ou «louvor». O Livro dos Salmos é, de facto, o «Livro dos Louvores», por isso, é chamado «Saltério». São 150 «poemas» antigos, compostos por diversos autores, ao longo de quase setecentos anos (1.000 e 300 a.C.). Os Salmos foram a pouco a pouco reunidos numa coletânea e fazem parte da Sagrada Escritura; exprimem a oração do povo de Israel reunida em assembleia na liturgia do Templo ou nas sinagogas e, ainda hoje, fazem parte da oração da Igreja, usados na liturgia e nos mosteiros, e por muitos cristãos. 


OS SALMOS PALAVRA DE DEUS

A Bíblia hebraica tinha 3 partes: a Lei, os Profetas e os Escritos Sapienciais. O Livro dos Salmos pertence aos Escritos Sapienciais. A «Lei» contém os primeiros cinco livros da Sagrada Escritura, por chamados «Pentateuco»: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O Livro dos Salmos contem contém 5 partes, tal como os livros da «Lei» porque é Palavra de Deus, meditada, rezada e cantada. 

Jesus Ressuscitado manifestou-se aos dois discípulos de Emaús e a seguir aos 12 reunidos no Cenáculo, e disse-lhes: «São estas as palavras que eu dizia estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras» (Lc 24, 43-45). Jesus disse que os salmos falam d’Ele, tal como a Lei e os Profetas. A Igreja ora com os Salmos porque falam de Cristo, são Palavra de Deus meditada, rezada e cantada.

Os salmos são oração comunitária e oração pessoal. (CIC 1586)

São oração comunitária. Eram cantados nas grandes festas anuais do Templo de Jerusalém e em cada sábado nas sinagogas. Louvam a grandeza de Deus na criação, evocam a história da Salvação, particularmente a libertação do Egito, o Êxodo e a Aliança. Louvam a Deus pela Sua Misericórdia, pela Sua Providência e Fidelidade. Evocam os acontecimentos do passado e  abrem a esperança do futuro, particularmente anunciando a vinda do Messias, o cumprimento definitivo das promessas de Deus.

Os salmos são também oração pessoal. O homem é pecador reconhece os seus pecados, se arrepende e implora o perdão de Deus. O homem sofre no corpo e no espírito, por isso implora a ajuda de Deus com renovada confiança Nele e também Lhe agradece pelas graças recebidas. Os salmos falam de amigos e de inimigos, de justos e de ímpios, da saúde e da doença, da dor e da alegria, do pecado e da misericórdia, das vaidades do mundo e da sabedoria de Deus, da vida e da morte. Abrangem todos os momentos da vida humana.


Os Salmos são Palavra de Deus.

Pelos Salmos, Deus continua a falar aos homens, e, o próprio Deus ajuda aos homens a falar com Ele. Pelos Salmos, Deus fala: são Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo. Pelos Salmos, o Espírito Santo ajuda-nos a orar, pois nem sabemos como orar e o que devemos pedir a Deus. Pelos Salmos, o Espírito Santo continua a ser «o Mestre» interior da oração que nos ensina a falar com Deus. Podemos dizer que, pelos Salmos, Deus fala a Deus e nós ficamos envolvidos pelo Espírito Santo, neste «rio de água vivas que jorra para a vida eterna» e renova a nossa vida.

Os salmos são oração de Jesus e oração da Igreja (CIC 2586).

Jesus orou com os Salmos nas festas anuais em Jerusalém e todos os sábados na sinagoga. Jesus orava com os salmos também na Sua oração pessoal. Jesus agonizante no alto da cruz, rezou com o Salmo 21 - “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste” - e morreu rezando o Salmo 31 - “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”.  

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