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quinta-feira, 19 de janeiro de 2023
A queda dos anjos
Se Deus é bom, porque permite o mal?
Porquê é que Deus permite o mal?
Deus é o Senhor e Criador de tudo e de todos. Todas as
criaturas manifestam as perfeições do Seu Criador: harmonia, bondade, beleza,
grandeza e santidade. «Deus é amor» (1Jo 4,8) e tudo sustenta com a Sua
Infinita Providência (Sab 11, 24-26; Heb 4,13). O Catecismo da Igreja Católica afirma que o mundo foi criado para a
glória de Deus. A criação, sendo obra de Deus, não aumenta a Sua glória, mas a
manifesta e a comunica para a nossa felicidade (CIC 293).
Deus criou o homem a «sua
própria imagem e semelhança» (Gen 3,13).
«O homem é o
ponto culminante da obra da criação» (Gen 1,26) (CIC
343). Segundo a intenção do Criador, ele deveria viver num paraíso terrestre
(Gn 2,4-25), em perfeita harmonia com Deus, com a natureza, consigo mesmos e
com os outros.
Deus criou o mundo em processo de perfeição. Criou o ser
humano à «sua própria imagem e semelhança», colocou neste jardim que é o mundo,
para com o seu trabalho levasse à perfeição a obra da criação. Deu confiou-lhe
toda a criação. O Salmo 8 diz que Deus fez o homem um pouco inferior aos anjos, coroado de
honra e glória, para dominar sobre toda a criação. Tudo quanto existe sobre a
terra, as aves do céu e os peixes do mar (Sl 8, 5-8).
Os homens atuam livremente, por isso,
podem pecar.
Deus leva à sério a liberdade das suas
criaturas até ao ponto de permitir que elas se revoltem contra o Seu Criador. Deus
permite que os homens atuem segundo o livre arbítrio e não impede as consequências
negativas, mas também abençoa o bem para que seja fecundo de bons frutos. Por
isso muita maldade que existe no mundo é devida as escolhas erradas dos homens.
Deus permite o pecado para ajudar o
crescimento.
O profeta Oseias dá uma imagem poderosa e
cheia de ternura: Deus atua como um pai que ensina ao filho a caminhar,
acompanha-o sempre, mas não impede que ele caia, mas o ajuda a levantar-se para
que apreenda a caminhar sozinho. Muitas falhas acontecem durante esta
aprendizagem que dura toda a vida. Deus manifesta o Seu amor porque continua a
criar os seres humanos, gerados no ceio materno e confiados à ternura de uma
família. Nasce uma nova vida, uma criança. Ela cresce no tempo da infância, da
puberdade, da adolescência, da juventude até chegar a idade adulta e deixar pai
e mãe para formar uma nova família. Este processo de crescimento tem muitas
falhas, é através delas que todos apreendemos. As limitações do crescimento
humano podem explicar em parte o mal que existe no mundo, devido ao crescimento
e as limitações humanas.
Na Carta aos Hebreus: «Deus
trata-nos como filhos, e qual é o filho a quem o pai não corrige» (Heb 12,7). «Como um pai educa seu filho,
assim Deus educa seu povo»
(Dt 8,5).
O Segredo Messiânico no Evangelho de Marcos
O Evangelho de Marcos foi escrito na segunda metade do primeiro século, por volta do ano 64, durante a dura perseguição do imperador romano, Nero. Marcos quer dar alento aos cristãos perseguidos: Jesus é o Filho de Deus, mas ao mesmo tempo, profundamente humano, um Jesus sofredor, que se deixa crucificar, mas que sai vitorioso e ressuscitado. Os discípulos, imitando o exemplo do Mestre, conseguem dar-Lhe o supremo testemunho do martírio.
O Evangelho de Marcos, Jesus é o Filho de Deus e Filho do Homem. Como
homem assume todo o sofrimento humano, até a paixão e a morte na cruz: é o
Messias sofredor do profeta Isaías. Os cristãos perseguidos sabiam que era
necessário passar pela cruz para alcançarem a glória da ressurreição. Assim, como
Jesus manifestou a Sua identidade divina, diante de Pilatos, assim os
discípulos revelam Jesus diante das autoridades, tendo a feliz esperança da
ressurreição, passando pela experiência da cruz, até ao martírio.
Jesus é o Filho de Deus e, ao mesmo tempo Filho do Homem: é nesta
dupla perspectiva que conseguimos compreender o “segredo messiânico”. De facto,
Jesus pede insistente e até energicamente que não seja revelada a Sua
identidade de Messias e Filhos de Deus. Os demónios sabiam que Jesus era o
Filho de Deus (Mc 1,34), mas Jesus não lhe permitia que falassem (Mc 3,11). Aos
doentes que curava, Jesus ordenava severamente que não dissessem nada a ninguém
(Mc 1,44; 5,43; 7,36; 8,26).
Quando Jesus perguntou aos discípulos: «Mas vós, quem dizeis que
eu sou?» Pedro respondeu, reconhecendo a identidade divina de Jesus, mas logo
recebeu a ordem que «não o dissessem a ninguém» (Mc 8, 29-30). A incompreensão
de Pedro, leva-nos a compreender que a divindade de Jesus, não pode ser
separada da sua humanidade. Um Messias humano e sofredor será sempre um
escândalo aos olhos humanos. A mesma coisa aconteceu com a Transfiguração. Só
depois da Ressurreição é que o podiam revelar (Mc 9,9), porque só então
resultava clara a Sua verdadeira humanidade, a humanidade do Filho de Deus, que
incluía o sofrimento e a morte na Cruz.
Sabemos também, pelos relatos de Marcos, que as pessoas (discípulos,
doentes, espíritos) não conseguiam silenciar. Era uma ordem que era sempre impossível
cumprir. Era um segredo tão “surpreendente” que não podia ficar “segredo”. A verdade,
por quanto se queira, nunca poderá ficar presa. Jesus é a Verdade, ninguém Lhe
resiste. Jesus é um homem livre, diz a verdade, não se apega aos resultados
imediatos, é livre da tentação de popularidade e de poder. Uma liberdade interior
que brota da intimidade pessoal com o Pai.
Como explicar
o “Segredo Messiânico”.
Há quem diga que se trata de uma sistematização literária, isto é uma
forma de apresentar Jesus, mas que não corresponde à realidade. O Evangelista
Marcos, serviu-se disso para dizer que Jesus é o Filho de Deus (Mc 1,1) – este
é o seu objetivo – mas também que Ele se revelou progressivamente e, pública e
definitivamente durante o processo e no alto da cruz (cf. Mc 9,9).
Uma outra explicação seria a seguinte: Jesus exigiu o «silêncio»
para não se confundir com o messianismo judaico, que esperava um Messias de
ordem política. Jesus preferiu o silêncio, para não ser mal-entendido. Outra
explicação, seria para explicar o porquê os judeus não reconheceram em Jesus o
Messias e o Filho de Deus. Neste sentido, a verdadeira identidade de Jesus, só pode
ser conhecida por aqueles que o seguem; só na intimidade pessoal com Ele é
possível vislumbrar o Seu mistério.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
O valor sempre atual dos salmos
Os
Salmos são sempre atuais porque são Palavra de Deus como todos os livros da Sagrada Escritura. Nos
manuais podemos encontrar orações muito mais lindas e imediatas, mas não chegam
a ter a mesma importância dos Salmos porque os salmos são palavra de Deus
meditada, rezada e cantada.
“O
mesmo Espírito Santo, que inspirou os salmistas continua a assistir com a Sua
inspiração, com a Sua graça, todos aqueles que animados pela fé e boa vontade,
salmodiam estes sagrados hinos”.
(Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas” 102). Com os salmos é o próprio
Deus que nos ensina a orar, pois nem sequer sabemos como orar, nem o que dizer,
mas os Salmos, inspirados pelo Espírito Santo, são uma escola de oração,
uma aprendizagem contínua.
Os salmos nasceram da experiência
quotidiana do povo de Israel, descrevem a amizade de Deus para com os homens;
são “Palavra de Deus” acolhida, meditada e rezada.
Os Salmos são poemas, feitos para serem
cantados. Podem também ser rezados, mas sempre dando atenção às palavras que
pronunciamos e, sobretudo a Deus, que nos fala e com quem falamos. Neles é Deus
que nos sugere as palavras certas, o que Lhe podemos dizer.
A oração verdadeira é sempre expressão de
amor. Assim é também a oração dos Salmos: não basta rezá-los com os lábios,
temos que os rezar com o coração. O Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos
que a oração não é um vá repetição de palavras: «Quando rezardes, não useis vãs
repetições, como fazem os pagãos» (Mt
6,6) «mas dizei “Pai nosso”. O que deve animar a nossa oração é
confiança filial. Um Salmo rezado distraidamente não é verdadeira oração. Como
qualquer outra oração temos que dar atenção as palavras de dizemos e a Deus com
o qual falamos.
Os salmos, em cada palavra, em cada imagem
e em cada símbolo transmitem uma mensagem. Não basta dizer que o salmo diz isto
e mais aquilo; é preciso poder dizer, este salmo “me” diz isto e mais aquilo, e
que “mo” diz deste modo e “me” faz vibrar assim. Assim o salmo revela a sua
força poética. Os salmos é um cântico de amor que deve ser rezado com toda a
força poética que ele contém.
A
dificuldade dos Salmos
A
oração dos Salmos apresenta alguma dificuldade. Em primeiro lugar, a sua
linguagem poética, cheia de símbolos e de imagens. Em segundo
lugar, contêm uma mentalidade diferente da nossa. Contudo, existem ao
menos quarenta salmos que usam uma linguagem simples que todos
compreendem.
Os
Salmos tornam-se compreensíveis à luz de Cristo. É Jesus Cristo que dá o verdadeiro sentido ao
Antigo Testamento, também aos Salmos. Os Salmos, sem Cristo, perdem seu
sentido, porque só Cristo encontram o seu cumprimento.
Os Salmos é oração de Cristo e da
Igreja. Nos salmos é o próprio Jesus Cristo que
reza; é Ele quem põe na boca da Igreja as palavras mais verdadeiras e sinceras
que podem ser dirigidas a Deus. Palavras verdadeira que não negam os
sofrimentos e os sentimentos humanos. Palavras tão reais que, talvez, não
teríamos a coragem de dizer a Deu, mas nos salmos Ele próprio as coloca na
nossa boca. Pelos salmos, Deus dá-se a conhecer como Pai que cuida dos seus
filhos, como Criador que ama as suas criaturas e como Bom Pastor que cuida do
seu rebanho; um Deus amigo amigos dos homens, que nos conhece profundamente e
nos ama.
Os Salmos iluminam a nossa história para
nela descobrirmos nela a presença providencial de Deus e o Seu projeto de
salvação; um Deus de Amor que nos chama à felicidade e à salvação eterna.
Bendirei o Senhor em todo o tempo. O Seu
louvor estará sempre na minha boca. A minha alma enaltece o Senhor: ouçam os
humildes e exultem no Senhor. Procuro o Senhor e Ele me atende e me livra de
todos os medos. O que olha para Ele estará radiante ... Saboreai e vede como o
Senhor é bom; feliz o homem que Nele se abriga! (do Salmo 34).
Orar com os Salmos
A oração do Santo Rosário surgiu por volta do ano 800 à sombra dos mosteiros e conventos. Os monges rezavam os 150 salmos, os leigos, que naquela altura não sabiam ler, rezavam 150 Pai-Nossos. O Rosário tornou-se o "Saltério" dos leigos. Com o passar do tempo, com os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, tomou-se como um saltério de 150 Ave-Marias, isto é,150 louvores a Jesus Cristo e à Virgem Maria.
A palavra «salmo» significa «cântico» ou «louvor». O Livro dos Salmos é, de facto, o «Livro dos Louvores», por isso, é chamado «Saltério». São 150 «poemas» antigos, compostos por diversos autores, ao longo de quase setecentos anos (1.000 e 300 a.C.). Os Salmos foram a pouco a pouco reunidos numa coletânea e fazem parte da Sagrada Escritura; exprimem a oração do povo de Israel reunida em assembleia na liturgia do Templo ou nas sinagogas e, ainda hoje, fazem parte da oração da Igreja, usados na liturgia e nos mosteiros, e por muitos cristãos.
OS SALMOS PALAVRA DE DEUS
A Bíblia hebraica tinha 3 partes: a Lei, os Profetas e os Escritos Sapienciais. O Livro dos Salmos pertence aos Escritos Sapienciais. A «Lei» contém os primeiros cinco livros da Sagrada Escritura, por chamados «Pentateuco»: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O Livro dos Salmos contem contém 5 partes, tal como os livros da «Lei» porque é Palavra de Deus, meditada, rezada e cantada.
Os salmos são oração comunitária e oração pessoal. (CIC 1586)
São oração comunitária. Eram cantados nas grandes festas anuais do Templo
de Jerusalém e em cada sábado nas sinagogas. Louvam a grandeza de Deus na
criação, evocam a história da Salvação, particularmente a libertação do Egito,
o Êxodo e a Aliança. Louvam a Deus pela Sua Misericórdia, pela Sua Providência
e Fidelidade. Evocam os acontecimentos do passado e abrem a esperança do futuro, particularmente
anunciando a vinda do Messias, o cumprimento definitivo das promessas de Deus.
Os salmos são também oração pessoal. O homem é pecador reconhece os seus
pecados, se arrepende e implora o perdão de Deus. O homem sofre no corpo e no
espírito, por isso implora a ajuda de Deus com renovada confiança Nele e também
Lhe agradece pelas graças recebidas. Os salmos falam de amigos e de inimigos,
de justos e de ímpios, da saúde e da doença, da dor e da alegria, do pecado e
da misericórdia, das vaidades do mundo e da sabedoria de Deus, da vida e da
morte. Abrangem todos os momentos da vida humana.
Os Salmos são Palavra de Deus.
Pelos Salmos, Deus continua a falar aos homens, e, o próprio Deus ajuda aos homens a falar com Ele. Pelos Salmos, Deus fala: são Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo. Pelos Salmos, o Espírito Santo ajuda-nos a orar, pois nem sabemos como orar e o que devemos pedir a Deus. Pelos Salmos, o Espírito Santo continua a ser «o Mestre» interior da oração que nos ensina a falar com Deus. Podemos dizer que, pelos Salmos, Deus fala a Deus e nós ficamos envolvidos pelo Espírito Santo, neste «rio de água vivas que jorra para a vida eterna» e renova a nossa vida.
Os salmos são oração de Jesus e oração da Igreja (CIC 2586).
Jesus orou com os Salmos nas festas anuais em Jerusalém e todos os sábados
na sinagoga. Jesus orava com os salmos também na Sua oração pessoal. Jesus
agonizante no alto da cruz, rezou com o Salmo 21 - “Meu Deus, Meu Deus, porque
me abandonaste” - e morreu rezando o Salmo 31 - “Pai, nas tuas mãos entrego o
meu espírito”.
Agradecer a Deus: a face alegre da oração
A
oração de agradecimento liberta-nos da superficialidade porque aponta diretamente para Deus e nos ajuda a conhecer a Sua bondade infinita. A oração de agradecimento esconde o segredo da verdadeira
alegria porque, agradecendo, abrimos o nosso coração, confiantes no amor de Deus.
A
oração de agradecimento liberta-nos do nosso egoísmo, da nossa
superficialidade, de todo o apego desordenado as coisas terrenas porque nos educa para a reflexão e
para o amor. Além disso, agradecendo, abrimos o nosso coração a Deus e encontramos Nele a
nossa felicidade.
O mal pior que ameaça e entristece a nossa vida é o egoísmo; mas oração de agradecimento liberta-nos, porque, com ela, deixamos de pensar em nós mesmo e nos centramos no amor de Deus. Sim, oração de agradecimento concentra a nossa atenção na bondade de Deus. Isto não significa que esquecemos os nossos problemas ou que estamos a fugir deles. Antes, esta forma de oração é um meio muito eficaz para os enfrentarmos com renovado optimismo, com a luz e a força de Deus.
A nossa hipersensibilidade dá-nos uma visão destorcida da realidade, pois vemos só os aspectos negativos e, muitas vezes, não conseguimos encontrar a felicidade dentro de nós, nem temos a capacidade de enfrentar os problemas com serenidade e coragem. A oração de agradecimento liberta-nos de todo pessimismo, ilumina a nossa vida com a luz do Amor de Deus e da Sua com a sabedoria de Deus, ajuda-nos a dimensionar os nossos problemas e a reconhecer neles os aspectos positivos.
A
oração de agradecimento ilumina e simplifica os nossos problemas, dá-nos a
certeza de que Deus, de maneira misteriosa, nos acompanha em todos os momentos
da nossa vida e a força de enfrentá-los confiando serenamente na bondade de
Deus
A
oração de agradecimento é também uma forma concreta de oração para ficarmos
vigilantes na fé. Com ela cresce em nós a consciência da bondade de Deus e
atingimos a certeza de que Deus nunca nos abandona. Ele, como o sol, sempre nos
acompanha, aquece os nossos corações, afasta as antipatias, desbloqueia as
situações difíceis, torna-nos mais atentos para com os irmãos.
A oração de agradecimento é como uma grande palestra que nos orienta constantemente para Deus, pois Nele encontramos a verdadeira nascente da nossa vida, da nossa alegria e da nossa esperança.
Senhor, também a minha vida está marcada pela cruz, pelas
desilusões, pelos problemas ... e são tantos. Mas neste momento quero
agradecer-Vos pela Vossa Presença consoladora. Obrigado, Senhor, pela força que me dais para avançar, pela coragem em enfrentar as diversas situações da vida. Obrigado pela capacidade que me dais de sorrir, de dizer uma palavra boa, de
olhar para frente com confiança, porque Vós, estais sempre comigo. Obrigado,
Senhor.
Reconhecer a nossa ingratidão
Não compreendemos a grandeza dos dons de Deus e, talvez, nunca chegaremos a compreendê-lo, nunca o compreendemos como deve ser. A nossa compreensão é sempre limitada e insuficiente. Por exemplo, quem pode compreender o trabalho escondido da natureza para produzir uma flor? Nem os cientistas conseguem examinar as riquezas contidas numa pequena pinga de orvalho. Como é que os homens poderão compreender a grandeza dos dons de Deus?
Deus desafiou a Abraão: «conta as estrelas do céu se conseguires». Naquela altura podia parecer um desafio imprudente. Contudo, passaram séculos e muito tempo já passou desde que Galileu apontou o primeiro telescópio para o céu e, ainda hoje, mesmo com os mais sofisticados telescópios, os homens não conseguem contá-las. O número das estrelas será sempre maior do que qualquer instrumento óptico possa contar.
A Bíblia, portanto, continua a dirigir-nos o mesmo desafio: «experimentem contar os benefícios de Deus, se forem capazes!». Temos de reconhecer que não damos atenção aos dons de Deus. Devemos ser justos para com Ele, reconhecermos que a Sua providência e generosidade para conosco são infinitas e superam de muito a nossa capacidade de compreensão.
Temos de remediar a nossa grande falta de gratidão para com Deus. Esquecemos o nunca deveriam ter esquecido, o que não
nos é lícito esquecer: tudo o que temos e somos é dom de Deus.
Obrigado, Senhor, pelos dom da vida,
pela dom da minha família,
obrigado os meus pais
desde a minha conceição,
aguardaram o meu nascimento
e me acolheram-me carinhosamente.
como muito amor
e muitas outras pessoas
acompanharam o meu crescimento.
Obrigado pelos semáforos
verdes ou vermelhos
que colocastes
no meu caminhar e mudaram a orientação da minha vida.
Também
isso era sinal do Vosso Amor
e da Vossa infinita Providência.
Obrigado, Senhor!
Obrigado porque a Sagrada Escritura
dá-me a conhecer a Vossa Bondade.
Obrigado por ter enviado o Vosso Filho amado
para nos salvar.
Obrigado, pela vida que desabrocha
em todos os recantos da
terra:
tudo canta e grita de alegria
pois a Vossa Glória imensa.
Obrigado,
Senhor.
Tudo é dom de Deus
Tudo é dom de Deus
Tudo
o que tocamos com as nossas mãos, tudo o que vemos com os nossos olhos, tudo o
que ouvimos com os nossos ouvidos, tudo o que os nossos sentidos podem atingir,
tudo é dom de Deus.
Tudo
o que é objeto do nosso pensamento e da nossa fantasia é dom de Deus. O
respirar dos nossos pulmões, o bater do nosso coração é dom de Deus, ... dons
que Deus nos faz continuamente, sem quase o percebermos.
Deus
oferece-me os seus dons sempre, mesmo se não pensar Nele, também perante a
minha ingratidão, também se os malbaratar egoisticamente. Deus nunca deixa de
abençoar-me com os Seus dons. Deus pensa em mim embora eu não pense Nele. Mesmo
quando eu O afastar do meu pensamento e do meu coração, da minha vida, Ele
continua a pensar em mim e a abençoar-me com os Seus dons.
Obrigado, Senhor, porque mesmo se eu andar esquecido, Vós nunca cesseis de abençoar-me com os dons do Vosso Amor. Hoje, acordei, levantei, caminhei, trabalhei, escutei, vi, encontrei pessoas ... Obrigado, Senhor, pois tudo é dom da Vossa Bondade.
Aprender a agradecer
Aprender a agradecer
Se
oferecermos algo a um pobre, esperamos que ele nos agradeça. Se fizermos um
favor a alguém esperamos, como é lógico, que nos agradeça. Existe um acordo
secreto entre nós, uma regra não escrita, óbvia, aceite por todos: mesmo para
um serviço de pouca conta é preciso agradecer.
É
justo e é um dever agradecer. Mas porque é que esta regra não funciona também
na nossa relação com Deus? Porque é que tão raramente agradecemos a Deus?
Parece que não recebemos nada Dele.
Devemos
admitir que o nosso comportamento para com Deus é absurdo. Somos grandes
exploradores de Deus: continuamos a receber os Seus dons, mas nunca nos
lembramos de agradecer-Lhe.
Acabei
de Receber um dom e já levanto os braços para receber outro e nem sequer sinto
a necessidade de guardar por um momento o dom recebido e agradecer ao Senhor.
Estou
tão ocupado em receber que não tenho tempo para agradecer. Sou como uma
crianças malcriada, estúpida e egoísta, que pensa só em receber e nunca em dar.
Deus
não quer nada em troca por tudo aquilo que me dá, o que, aliás, seria
impossível, mas deseja que, pelo menos, perceba que tenho as mãos cheias dos
Seus dons e que reconheça a Sua bondade dizendo-Lhe "obrigado".
Deus
não precisa do agradecimento, mas deseja que Lhe agradeçamos para nos educar,
para nos libertar da nossa ignorância e superficialidade.
É verdade, Senhor, que nunca me lembro de Vos
agradecer.
É grande a minha ingratidão para Convosco.
Mas hoje quero agradecer-Vos e nunca mais
deixar
que os dons do Vosso amor passem
despercebidos.
Obrigado, Senhor.