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quarta-feira, 21 de junho de 2023

quinta-feira, 16 de março de 2023

A atuação do demónio

«Devemos distinguir a acção ordinária da acção extraordinária do demónio. A acção ordinária é precisamente a de nos tentar. Por conseguinte, todo o campo das tentações pertence à acção ordinária do demónio, à qual todos estamos sujeitos e o seremos até à morte. A tal ponto somos sujeitos a estas tentações, que Jesus Cristo, fazendo-se Homem, aceitou ser tentado por Satanás, não apenas nas três tentações do deserto, mas durante toda a sua vida, como também ocorreu com Maria Santíssima. Isto porque a tentação faz parte da condição humana. Esta é a acção ordinária do demónio, como dizia o Catecismo de São Pio X, “por ódio a Deus, [o demónio] tenta o homem ao mal. Ou seja, por ódio a Deus, o demónio gostaria de nos arrastar a todos para o inferno». (Padre Gabriele Amorth) 

O engano do demónio

O único objetivo de Satanás é arrastar todos os homens para o inferno. Ele conhece a felicidade eterna do Céu porque e, por inveja, quer desviar os homens da salvação eterna. O Maligno engana os homens fazendo-lhes acreditar que o inferno não existe. De muitas formas, distrai os homens para que não vejam  a possibilidade real da condenação eterna; esconde-se por trás das escolhas irresponsáveis dos homens, que sem tem a devida consciência, se afastam de Deus. Os homens que, iluminados pela Palavra de Deus, vivem na luz da verdade, têm uma consciência esclarecida e não se deixam enganar pelas artimanhas do Maligno que, com engano e mentiras, os quer levar para o inferno. Creio na vida eterna

A falsa doutrina da reencarnação

A doutrina da reencarnação é comum a vários sistemas religiosos de origem oriental e atualmente muito difundida pelo espiritismo. Esta doutrina defende a tese de que cada pessoa teria várias vidas ou reencarnações. Desse modo, em cada vida teria a possibilidade de expiar os seus erros, de facto, cada reencarnação seria um castigo pelos males das vidas anteriores. 

A doutrina da reencarnação está em evidente contraste com o cristianismo, pois não existiria o inferno post-mortem. O inferno seria neste mundo, sendo a reencarnação um castigo. Também não existiria o paraíso: o prémio seria tornar-se puro espírito e não voltar e reencarnar-se. Não haveria o juízo particular, nem a purificação do purgatório. Haveria só vidas sucessivas em vista de melhorar-se. A falsa doutrina da reencarnação

terça-feira, 14 de março de 2023

A esperança da vida eterna

«Que o Deus da paz vos santifique totalmente, e todo o vosso ser - espírito, alma e corpo - se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é aquele que vos chama: Ele há-de realizá-lo». (1Tess 5, 23-24)

A igreja acredita na comunhão dos Santos, isto é, que existe uma comunicação de oração entre as almas que chegaram à felicidade eterna do Céu e as almas que estão destinadas à felicidade eterna do Céu, mas que estão a purificar-se no Purgatório. A Igreja desde sempre, acreditou nessa purificação post-mortem, conservando a tradição de orar pelos defuntos, existente no povo de Israel. A Igreja também acredita na existência do Inferno, destinado àqueles que, de livre vontade, decidem rejeitar a Deus e a salvação eterna. Creio na vida eterna

segunda-feira, 13 de março de 2023

Deus atua nos sacramentos

Deus poderia ter realizado a salvação dos homens de outra forma, mas a realizou, de facto, através de Cristo e da Igreja. Cristo é a causa principal da salvação; a Igreja o Seu prolongamento histórico; nela, continua a atuar a salvação até aos fim dom tempos, através do anuncio da Palavra de Deus e da celebração dos sacramentos.  

A Igreja quando celebra um sacramento realiza um rito visível (objetos, palavra e ações) mas é Deus que o torna eficaz com a dom da graça. 

Deus atua nos sacramentos

sábado, 4 de março de 2023

Deus não poderia ter perdoado os Anjos?

Aqui colocamos a seguinte questão: Satanás viu o seu erro, a sua derrota frente a Deus, viu como ele próprio se deformou e, como ele, muitos outros anjos; não poderia, ele ter-se arrependido? E se se arrependeu, não poderia Deus perdoar-lhe e restabelecê-lo na sua condição de Anjo de Luz? 

A Igreja ensina que, no caso o Demônio se tivesse arrependido, Deus lhe teria perdoado, pois Deus é amor, é amor sempre! Mas a realidade é que o Demônio nunca se arrependeu e nunca se arrependerá; permanece para sempre fixado na sua rebelião, tal como continua ainda hoje, atacando as criaturas humanas, com as sua soberba e mentiras. 

A mesma coisa vale para os condenados. Deus pode fazer tudo, mas não pode perdoar a quem não se arrepende. É, de facto, impossível que Deus, tendo dado o dom da liberdade aos homens, perdoe a quem não se arrepende. Não é Deus que é incapaz de perdoar, é o homem que não quer ser perdoado. Existe um limite para além do qual a alma se endurece de tal forma que rejeita a graça do perdão. Nesse ponto, o Criador não pode fazer nada mais do que deixá-la seguir o seu caminho.  

Porquê Deus não pode perdoas aos demónios?

A obra libertadora de Cristo na Sua Igreja

Existem quatro princípios teológicos muitos simples, dentro dos quais, deve ser enquadrada a reflexão sobre a ação dos demónio. A Igreja fala dele, centrando a atenção em Jesus Cristo, sendo Ele o Salvador que nos libertou da escravidão do demónio e e deu à Sua Igreja os meios mais eficazes para o derrotar.

A Salvação de Jesus Cristo chega a toda a humanidade através da Igreja. A Igreja recebeu dos apóstolos o depósito da fé: em nome de Cristo proclama a Palavra de Deus, administra os Sacramentos da salvação, perdoa os pecados, expulsa os demónios, cura os doentes, e reúne os fiéis à presença de Cristo, na celebração da Eucaristia. Desta forma, a Igreja compartilha a Bênção de Jesus Cristo, Filho de Deus, em quem o Pai colocou toda a Sua complacência (Cfr. Mt 3,17 e par.).

O objetivo de Satanás será sempre destruir o ser humano, desfigurar a imagem e semelhança de Deus (Gn 3,27; Sab 2,23-24). Mas Deus atua a salvação, pelo Sangue Precioso do Seu Filho, Jesus Cristo (1Jo 3,1-2). Satanás quer afastar os homens de Deus e levá-los à perdição eterna; mas Deus, em Jesus Cristo e pela Sua Igreja, reconcilia os homens com Deus e oferece a salvação eterna.

Os meios de libertação na Igreja Católica


quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

A queda dos anjos

     Os anjos são criaturas inteiramente espirituais; sendo dotados de inteligência e de livre vontade, foram por Deus submetidos a uma prova, antes de serem admitidos à «visão beatifica». Nessa prova uns obedeceram e outros desobedeceram. Os que desobedeceram de forma irreversível, transformaram-se em demónios. Foram eles próprios que se transformaram naquilo que são. Ninguém os fez assim. A queda dos anjos

   
  

Se Deus é bom, porque permite o mal?

 

Porquê é que Deus permite o mal?

Deus é o Senhor e Criador de tudo e de todos. Todas as criaturas manifestam as perfeições do Seu Criador: harmonia, bondade, beleza, grandeza e santidade. «Deus é amor» (1Jo 4,8) e tudo sustenta com a Sua Infinita Providência (Sab 11, 24-26; Heb 4,13). O Catecismo da Igreja Católica afirma que o mundo foi criado para a glória de Deus. A criação, sendo obra de Deus, não aumenta a Sua glória, mas a manifesta e a comunica para a nossa felicidade (CIC 293).

Deus criou o homem a «sua própria imagem e semelhança» (Gen 3,13).

«O homem é o ponto culminante da obra da criação» (Gen 1,26) (CIC 343). Segundo a intenção do Criador, ele deveria viver num paraíso terrestre (Gn 2,4-25), em perfeita harmonia com Deus, com a natureza, consigo mesmos e com os outros.

Deus criou o mundo em processo de perfeição. Criou o ser humano à «sua própria imagem e semelhança», colocou neste jardim que é o mundo, para com o seu trabalho levasse à perfeição a obra da criação. Deu confiou-lhe toda a criação. O Salmo 8 diz que Deus fez o homem um pouco inferior aos anjos, coroado de honra e glória, para dominar sobre toda a criação. Tudo quanto existe sobre a terra, as aves do céu e os peixes do mar (Sl 8, 5-8).

Os homens atuam livremente, por isso, podem pecar.

Deus leva à sério a liberdade das suas criaturas até ao ponto de permitir que elas se revoltem contra o Seu Criador. Deus permite que os homens atuem segundo o livre arbítrio e não impede as consequências negativas, mas também abençoa o bem para que seja fecundo de bons frutos. Por isso muita maldade que existe no mundo é devida as escolhas erradas dos homens.

Deus permite o pecado para ajudar o crescimento.

O profeta Oseias dá uma imagem poderosa e cheia de ternura: Deus atua como um pai que ensina ao filho a caminhar, acompanha-o sempre, mas não impede que ele caia, mas o ajuda a levantar-se para que apreenda a caminhar sozinho. Muitas falhas acontecem durante esta aprendizagem que dura toda a vida. Deus manifesta o Seu amor porque continua a criar os seres humanos, gerados no ceio materno e confiados à ternura de uma família. Nasce uma nova vida, uma criança. Ela cresce no tempo da infância, da puberdade, da adolescência, da juventude até chegar a idade adulta e deixar pai e mãe para formar uma nova família. Este processo de crescimento tem muitas falhas, é através delas que todos apreendemos. As limitações do crescimento humano podem explicar em parte o mal que existe no mundo, devido ao crescimento e as limitações humanas.

Na Carta aos Hebreus: «Deus trata-nos como filhos, e qual é o filho a quem o pai não corrige» (Heb 12,7). «Como um pai educa seu filho, assim Deus educa seu povo» (Dt 8,5).

O Segredo Messiânico no Evangelho de Marcos

O Evangelho de Marcos foi escrito na segunda metade do primeiro século, por volta do ano 64, durante a dura perseguição do imperador romano, Nero. Marcos quer dar alento aos cristãos perseguidos: Jesus é o Filho de Deus, mas ao mesmo tempo, profundamente humano, um Jesus sofredor, que se deixa crucificar, mas que sai vitorioso e ressuscitado. Os discípulos, imitando o exemplo do Mestre, conseguem dar-Lhe o supremo testemunho do martírio.

O Evangelho de Marcos, Jesus é o Filho de Deus e Filho do Homem. Como homem assume todo o sofrimento humano, até a paixão e a morte na cruz: é o Messias sofredor do profeta Isaías. Os cristãos perseguidos sabiam que era necessário passar pela cruz para alcançarem a glória da ressurreição. Assim, como Jesus manifestou a Sua identidade divina, diante de Pilatos, assim os discípulos revelam Jesus diante das autoridades, tendo a feliz esperança da ressurreição, passando pela experiência da cruz, até ao martírio.

Jesus é o Filho de Deus e, ao mesmo tempo Filho do Homem: é nesta dupla perspectiva que conseguimos compreender o “segredo messiânico”. De facto, Jesus pede insistente e até energicamente que não seja revelada a Sua identidade de Messias e Filhos de Deus. Os demónios sabiam que Jesus era o Filho de Deus (Mc 1,34), mas Jesus não lhe permitia que falassem (Mc 3,11). Aos doentes que curava, Jesus ordenava severamente que não dissessem nada a ninguém (Mc 1,44; 5,43; 7,36; 8,26).

Quando Jesus perguntou aos discípulos: «Mas vós, quem dizeis que eu sou?» Pedro respondeu, reconhecendo a identidade divina de Jesus, mas logo recebeu a ordem que «não o dissessem a ninguém» (Mc 8, 29-30). A incompreensão de Pedro, leva-nos a compreender que a divindade de Jesus, não pode ser separada da sua humanidade. Um Messias humano e sofredor será sempre um escândalo aos olhos humanos. A mesma coisa aconteceu com a Transfiguração. Só depois da Ressurreição é que o podiam revelar (Mc 9,9), porque só então resultava clara a Sua verdadeira humanidade, a humanidade do Filho de Deus, que incluía o sofrimento e a morte na Cruz.

Sabemos também, pelos relatos de Marcos, que as pessoas (discípulos, doentes, espíritos) não conseguiam silenciar. Era uma ordem que era sempre impossível cumprir. Era um segredo tão “surpreendente” que não podia ficar “segredo”. A verdade, por quanto se queira, nunca poderá ficar presa. Jesus é a Verdade, ninguém Lhe resiste. Jesus é um homem livre, diz a verdade, não se apega aos resultados imediatos, é livre da tentação de popularidade e de poder. Uma liberdade interior que brota da intimidade pessoal com o Pai.

Como explicar o “Segredo Messiânico”.

Há quem diga que se trata de uma sistematização literária, isto é uma forma de apresentar Jesus, mas que não corresponde à realidade. O Evangelista Marcos, serviu-se disso para dizer que Jesus é o Filho de Deus (Mc 1,1) – este é o seu objetivo – mas também que Ele se revelou progressivamente e, pública e definitivamente durante o processo e no alto da cruz (cf. Mc 9,9).

Uma outra explicação seria a seguinte: Jesus exigiu o «silêncio» para não se confundir com o messianismo judaico, que esperava um Messias de ordem política. Jesus preferiu o silêncio, para não ser mal-entendido. Outra explicação, seria para explicar o porquê os judeus não reconheceram em Jesus o Messias e o Filho de Deus. Neste sentido, a verdadeira identidade de Jesus, só pode ser conhecida por aqueles que o seguem; só na intimidade pessoal com Ele é possível vislumbrar o Seu mistério.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

O valor sempre atual dos salmos

Os Salmos são sempre atuais porque são Palavra de Deus como todos os livros da Sagrada Escritura. Nos manuais podemos encontrar orações muito mais lindas e imediatas, mas não chegam a ter a mesma importância dos Salmos porque os salmos são palavra de Deus meditada, rezada e cantada.

“O mesmo Espírito Santo, que inspirou os salmistas continua a assistir com a Sua inspiração, com a Sua graça, todos aqueles que animados pela fé e boa vontade, salmodiam estes sagrados hinos”. (Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas” 102). Com os salmos é o próprio Deus que nos ensina a orar, pois nem sequer sabemos como orar, nem o que dizer, mas os Salmos, inspirados pelo Espírito Santo, são uma escola de oração, uma aprendizagem contínua.

Os salmos nasceram da experiência quotidiana do povo de Israel, descrevem a amizade de Deus para com os homens; são “Palavra de Deus” acolhida, meditada e rezada.

Os Salmos são poemas, feitos para serem cantados. Podem também ser rezados, mas sempre dando atenção às palavras que pronunciamos e, sobretudo a Deus, que nos fala e com quem falamos. Neles é Deus que nos sugere as palavras certas, o que Lhe podemos dizer.

A oração verdadeira é sempre expressão de amor. Assim é também a oração dos Salmos: não basta rezá-los com os lábios, temos que os rezar com o coração. O Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos que a oração não é um vá repetição de palavras: «Quando rezardes, não useis vãs repetições, como fazem os pagãos» (Mt 6,6) «mas dizei “Pai nosso”. O que deve animar a nossa oração é confiança filial. Um Salmo rezado distraidamente não é verdadeira oração. Como qualquer outra oração temos que dar atenção as palavras de dizemos e a Deus com o qual falamos.

Os salmos, em cada palavra, em cada imagem e em cada símbolo transmitem uma mensagem. Não basta dizer que o salmo diz isto e mais aquilo; é preciso poder dizer, este salmo “me” diz isto e mais aquilo, e que “mo” diz deste modo e “me” faz vibrar assim. Assim o salmo revela a sua força poética. Os salmos é um cântico de amor que deve ser rezado com toda a força poética que ele contém. 

A dificuldade dos Salmos

A oração dos Salmos apresenta alguma dificuldade. Em primeiro lugar, a sua  linguagem poética, cheia de símbolos e de imagens. Em segundo lugar, contêm uma mentalidade diferente da nossa. Contudo, existem ao menos quarenta salmos que usam uma linguagem simples que todos compreendem. 

Os Salmos tornam-se compreensíveis à luz de Cristo. É Jesus Cristo que dá o verdadeiro sentido ao Antigo Testamento, também aos Salmos. Os Salmos, sem Cristo, perdem seu sentido, porque só Cristo encontram o seu cumprimento. 

Os Salmos é oração de Cristo e da Igreja. Nos salmos é o próprio Jesus Cristo que reza; é Ele quem põe na boca da Igreja as palavras mais verdadeiras e sinceras que podem ser dirigidas a Deus. Palavras verdadeira que não negam os sofrimentos e os sentimentos humanos. Palavras tão reais que, talvez, não teríamos a coragem de dizer a Deu, mas nos salmos Ele próprio as coloca na nossa boca. Pelos salmos, Deus dá-se a conhecer como Pai que cuida dos seus filhos, como Criador que ama as suas criaturas e como Bom Pastor que cuida do seu rebanho; um Deus amigo amigos dos homens, que nos conhece profundamente e nos ama.  

Os Salmos iluminam a nossa história para nela descobrirmos nela a presença providencial de Deus e o Seu projeto de salvação; um Deus de Amor que nos chama à felicidade e à salvação eterna.

Bendirei o Senhor em todo o tempo. O Seu louvor estará sempre na minha boca. A minha alma enaltece o Senhor: ouçam os humildes e exultem no Senhor. Procuro o Senhor e Ele me atende e me livra de todos os medos. O que olha para Ele estará radiante ... Saboreai e vede como o Senhor é bom; feliz o homem que Nele se abriga! (do Salmo 34).

 

 


Orar com os Salmos

A oração do Santo Rosário surgiu por volta do ano 800 à sombra dos mosteiros e conventos. Os monges rezavam os 150 salmos, os leigos, que naquela altura não sabiam ler, rezavam 150 Pai-Nossos. O Rosário tornou-se o "Saltério" dos leigos. Com o passar do tempo, com os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, tomou-se como um saltério de 150 Ave-Marias, isto é,150 louvores a Jesus Cristo e à Virgem Maria.

A palavra «salmo» significa «cântico» ou «louvor». O Livro dos Salmos é, de facto, o «Livro dos Louvores», por isso, é chamado «Saltério». São 150 «poemas» antigos, compostos por diversos autores, ao longo de quase setecentos anos (1.000 e 300 a.C.). Os Salmos foram a pouco a pouco reunidos numa coletânea e fazem parte da Sagrada Escritura; exprimem a oração do povo de Israel reunida em assembleia na liturgia do Templo ou nas sinagogas e, ainda hoje, fazem parte da oração da Igreja, usados na liturgia e nos mosteiros, e por muitos cristãos. 


OS SALMOS PALAVRA DE DEUS

A Bíblia hebraica tinha 3 partes: a Lei, os Profetas e os Escritos Sapienciais. O Livro dos Salmos pertence aos Escritos Sapienciais. A «Lei» contém os primeiros cinco livros da Sagrada Escritura, por chamados «Pentateuco»: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O Livro dos Salmos contem contém 5 partes, tal como os livros da «Lei» porque é Palavra de Deus, meditada, rezada e cantada. 

Jesus Ressuscitado manifestou-se aos dois discípulos de Emaús e a seguir aos 12 reunidos no Cenáculo, e disse-lhes: «São estas as palavras que eu dizia estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras» (Lc 24, 43-45). Jesus disse que os salmos falam d’Ele, tal como a Lei e os Profetas. A Igreja ora com os Salmos porque falam de Cristo, são Palavra de Deus meditada, rezada e cantada.

Os salmos são oração comunitária e oração pessoal. (CIC 1586)

São oração comunitária. Eram cantados nas grandes festas anuais do Templo de Jerusalém e em cada sábado nas sinagogas. Louvam a grandeza de Deus na criação, evocam a história da Salvação, particularmente a libertação do Egito, o Êxodo e a Aliança. Louvam a Deus pela Sua Misericórdia, pela Sua Providência e Fidelidade. Evocam os acontecimentos do passado e  abrem a esperança do futuro, particularmente anunciando a vinda do Messias, o cumprimento definitivo das promessas de Deus.

Os salmos são também oração pessoal. O homem é pecador reconhece os seus pecados, se arrepende e implora o perdão de Deus. O homem sofre no corpo e no espírito, por isso implora a ajuda de Deus com renovada confiança Nele e também Lhe agradece pelas graças recebidas. Os salmos falam de amigos e de inimigos, de justos e de ímpios, da saúde e da doença, da dor e da alegria, do pecado e da misericórdia, das vaidades do mundo e da sabedoria de Deus, da vida e da morte. Abrangem todos os momentos da vida humana.


Os Salmos são Palavra de Deus.

Pelos Salmos, Deus continua a falar aos homens, e, o próprio Deus ajuda aos homens a falar com Ele. Pelos Salmos, Deus fala: são Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo. Pelos Salmos, o Espírito Santo ajuda-nos a orar, pois nem sabemos como orar e o que devemos pedir a Deus. Pelos Salmos, o Espírito Santo continua a ser «o Mestre» interior da oração que nos ensina a falar com Deus. Podemos dizer que, pelos Salmos, Deus fala a Deus e nós ficamos envolvidos pelo Espírito Santo, neste «rio de água vivas que jorra para a vida eterna» e renova a nossa vida.

Os salmos são oração de Jesus e oração da Igreja (CIC 2586).

Jesus orou com os Salmos nas festas anuais em Jerusalém e todos os sábados na sinagoga. Jesus orava com os salmos também na Sua oração pessoal. Jesus agonizante no alto da cruz, rezou com o Salmo 21 - “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste” - e morreu rezando o Salmo 31 - “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”.  

Agradecer a Deus: a face alegre da oração

A face alegre da oração

A oração de agradecimento liberta-nos da superficialidade porque aponta diretamente para Deus e nos ajuda a conhecer a Sua bondade infinita. A oração de agradecimento esconde o segredo da verdadeira alegria porque, agradecendo, abrimos o nosso coração, confiantes no amor de Deus.

A oração de agradecimento liberta-nos do nosso egoísmo, da nossa superficialidade, de todo o apego desordenado as coisas terrenas porque nos educa para a reflexão e para o amor. Além disso, agradecendo, abrimos o nosso coração a Deus e encontramos Nele a nossa felicidade.

O mal pior que ameaça e entristece a nossa vida é o egoísmo; mas oração de agradecimento liberta-nos, porque, com ela, deixamos de pensar em nós mesmo e nos centramos no amor de Deus. Sim, oração de agradecimento concentra a nossa atenção na bondade de Deus. Isto não significa que esquecemos os nossos problemas ou que estamos a fugir deles. Antes, esta forma de oração é um meio muito eficaz para os enfrentarmos com renovado optimismo, com a luz e a força de Deus.

A nossa hipersensibilidade dá-nos uma visão destorcida da realidade, pois vemos só os aspectos negativos e, muitas vezes, não conseguimos encontrar a felicidade dentro de nós, nem temos a capacidade de enfrentar os problemas com serenidade e coragem. A oração de agradecimento liberta-nos de todo pessimismo, ilumina a nossa vida com a luz do Amor de Deus e da Sua com a sabedoria de Deus, ajuda-nos a dimensionar os nossos problemas e a reconhecer neles os aspectos positivos.

A oração de agradecimento ilumina e simplifica os nossos problemas, dá-nos a certeza de que Deus, de maneira misteriosa, nos acompanha em todos os momentos da nossa vida e a força de enfrentá-los confiando serenamente na bondade de Deus

A oração de agradecimento é também uma forma concreta de oração para ficarmos vigilantes na fé. Com ela cresce em nós a consciência da bondade de Deus e atingimos a certeza de que Deus nunca nos abandona. Ele, como o sol, sempre nos acompanha, aquece os nossos corações, afasta as antipatias, desbloqueia as situações difíceis, torna-nos mais atentos para com os irmãos.

A oração de agradecimento é como uma grande palestra que nos orienta constantemente para Deus, pois Nele encontramos a verdadeira nascente da nossa vida, da nossa alegria e da nossa esperança. 

Senhor, também a minha vida está marcada pela cruz, pelas desilusões, pelos problemas ... e são tantos. Mas neste momento quero agradecer-Vos pela Vossa Presença consoladora. Obrigado, Senhor, pela força que me dais para avançar, pela coragem em enfrentar as diversas situações da vida. Obrigado pela capacidade que me dais de sorrir, de dizer uma palavra boa, de olhar para frente com confiança, porque Vós, estais sempre comigo. Obrigado, Senhor.

Reconhecer a nossa ingratidão

 Sejamos justos para com Deus

Não compreendemos a grandeza dos dons de Deus e, talvez, nunca chegaremos a compreendê-lo, nunca o compreendemos como deve ser. A nossa compreensão é sempre limitada e insuficiente. Por exemplo, quem pode compreender o trabalho escondido da natureza para produzir uma flor? Nem os cientistas conseguem examinar as riquezas contidas numa pequena pinga de orvalho. Como é que os homens poderão compreender a grandeza dos dons de Deus?

Deus desafiou a Abraão: «conta as estrelas do céu se conseguires». Naquela altura podia parecer um desafio imprudente. Contudo, passaram séculos e muito tempo já passou desde que Galileu apontou o primeiro telescópio para o céu e, ainda hoje, mesmo com os mais sofisticados telescópios, os homens não conseguem contá-las. O número das estrelas será sempre maior do que qualquer instrumento óptico possa contar. 

A Bíblia, portanto, continua a dirigir-nos o mesmo desafio: «experimentem contar os benefícios de Deus, se forem capazes!». Temos de reconhecer  que não damos atenção aos dons de Deus. Devemos ser justos para com Ele, reconhecermos que a Sua providência e generosidade para conosco são infinitas e superam de muito a nossa capacidade de compreensão.

Temos de remediar a nossa grande falta de gratidão para com Deus. Esquecemos o nunca deveriam ter esquecido, o que não nos é lícito esquecer: tudo o que temos e somos é dom de Deus.


Obrigado, Senhor, pelos dom da vida, 
pela dom da minha família, 
obrigado os meus pais
desde a minha conceição,
aguardaram o meu nascimento
e me acolheram-me carinhosamente.
como muito amor
e muitas outras pessoas
acompanharam o meu crescimento. 

Obrigado pelos semáforos
verdes ou vermelhos que colocastes
no meu caminhar e mudaram a orientação da minha vida.
Também isso era sinal do Vosso Amor
e da Vossa infinita Providência.
Obrigado, Senhor!

Obrigado porque a Sagrada Escritura
dá-me a conhecer a Vossa Bondade.
Obrigado por ter enviado o Vosso Filho amado 
para nos salvar.
Obrigado, pela vida que desabrocha
em todos os recantos da terra:
tudo canta e grita de alegria
pois a Vossa Glória imensa.
Obrigado, Senhor.

Tudo é dom de Deus

Tudo é dom de Deus

Tudo o que tocamos com as nossas mãos, tudo o que vemos com os nossos olhos, tudo o que ouvimos com os nossos ouvidos, tudo o que os nossos sentidos podem atingir, tudo é dom de Deus.
Tudo o que é objeto do nosso pensamento e da nossa fantasia é dom de Deus. O respirar dos nossos pulmões, o bater do nosso coração é dom de Deus, ... dons que Deus nos faz continuamente, sem quase o percebermos.

Deus oferece-me os seus dons sempre, mesmo se não pensar Nele, também perante a minha ingratidão, também se os malbaratar egoisticamente. Deus nunca deixa de abençoar-me com os Seus dons. Deus pensa em mim embora eu não pense Nele. Mesmo quando eu O afastar do meu pensamento e do meu coração, da minha vida, Ele continua a pensar em mim e a abençoar-me com os Seus dons.

Obrigado, Senhor, porque mesmo se eu andar esquecido, Vós nunca cesseis de abençoar-me com os dons do Vosso Amor. Hoje, acordei, levantei, caminhei, trabalhei, escutei, vi, encontrei pessoas ... Obrigado, Senhor, pois tudo é dom da Vossa Bondade.

Aprender a agradecer

 Aprender a agradecer

Se oferecermos algo a um pobre, esperamos que ele nos agradeça. Se fizermos um favor a alguém esperamos, como é lógico, que nos agradeça. Existe um acordo secreto entre nós, uma regra não escrita, óbvia, aceite por todos: mesmo para um serviço de pouca conta é preciso agradecer.

É justo e é um dever agradecer. Mas porque é que esta regra não funciona também na nossa relação com Deus? Porque é que tão raramente agradecemos a Deus? Parece que não recebemos nada Dele.

Devemos admitir que o nosso comportamento para com Deus é absurdo. Somos grandes exploradores de Deus: continuamos a receber os Seus dons, mas nunca nos lembramos de agradecer-Lhe.

Acabei de Receber um dom e já levanto os braços para receber outro e nem sequer sinto a necessidade de guardar por um momento o dom recebido e agradecer ao Senhor.

Estou tão ocupado em receber que não tenho tempo para agradecer. Sou como uma crianças malcriada, estúpida e egoísta, que pensa só em receber e nunca em dar.

Deus não quer nada em troca por tudo aquilo que me dá, o que, aliás, seria impossível, mas deseja que, pelo menos, perceba que tenho as mãos cheias dos Seus dons e que reconheça a Sua bondade dizendo-Lhe "obrigado".

Deus não precisa do agradecimento, mas deseja que Lhe agradeçamos para nos educar, para nos libertar da nossa ignorância e superficialidade.

 

É verdade, Senhor, que nunca me lembro de Vos agradecer.

É grande a minha ingratidão para Convosco.

Mas hoje quero agradecer-Vos e nunca mais deixar

que os dons do Vosso amor passem despercebidos.

Obrigado, Senhor.